domingo, 9 de setembro de 2018

Duas lições da adolescência de William Carey

Nesta semana iniciei a leitura de uma segunda biografia de William Carey; "O Pai das Missões Modernas" por Sam Wellman, da série "Modernos heróis da fé" e publicado no Brasil pela extinta "Edições Cristãs". O primeiro, publicado por esta mesma editora, foi "Carey, o Pai das Missões Modernas" por Artur Ingleby.

Além disso, já assisti o filme "Uma Chama na Escuridão" que retrata a vida do missionário, estou relendo, pela sexta vez, o livro da APEC com sua história adaptada para crianças e contando, semanalmente, em mais uma escola, sua bela história de fé e dedicação ao evangelho de Cristo e as almas perdidas na Índia.

Neste novo livro, com detalhes maiores sobre a infância e adolescência de Carey, ignorados na primeira biografia, dois acontecimentos me chamaram a atenção e compartilho aqui com vocês:

Primeiro: Ainda sem Cristo e vivendo uma vida indiferente a Deus, William Carey estava sendo influenciado por alguns amigos na mesma situação espiritual, a fazer coisas erradas como, por exemplo, atirar pedras nas carruagens que passavam e sair, escondidos dos pais para ouvir John Wesley pregar. Lendo isso, me peguei rindo, imaginando os adolescentes de hoje fazendo este tipo de "malandragem" e aparecendo em nossas igrejas ou pontos de pregação para ouvirem os pregadores da Palavra de Deus. Seria maravilhoso!

Segundo: Nesta mesma ocasião, o grupo de adolescentes chegou atrasado à pregação e John Wesley já havia concluído seu sermão naquele vilarejo e, preparando-se para partir, conversava com algumas pessoas próximo a uma grande árvore. Ao aproximarem-se, os adolescentes alegraram-se com a simpatia e vigor daquele senhor que viajava tanto pela Inglaterra para pregar a Palavra de Deus e conversaram um pouco com ele, não sobre Cristo ou o evangelho, mas sobre a grande árvore e suas características. Como Carey amava a natureza e gastava boa parte de seu tempo estudando sobre as plantas ou cultivando-as, identificou-se com o experiente pregador, admirou o seu grande conhecimento sobre a criação e interessou-se por sua vida e ministério pois o mesmo, com muita alegria, deu atenção à um grupo de adolescentes curiosos, mesmo tendo tanto a fazer. Este foi o primeiro despertar de William para as coisas espirituais.

Meditando neste fato percebi o quanto é importante conhecermos a cultura e os gostos das pessoas para as quais pregamos e, tirando aquilo que é claramente pecaminoso e errado, demonstrarmos interesse, conversar sobre, valorizar e assim, mostrar que, como cristãos, não somos alienados, mas engajados na sociedade, que valorizamos a criação de Deus, reconhecemos Sua graça comum e temos gostos e conhecimentos iguais aos de qualquer pessoa. 

Filme sobre William Carey
Atitudes assim podem ser pontes de acesso quebrar o gelo e o preconceito, para pregarmos o evangelho de Cristo, desenvolvermos boas amizades e testemunharmos da obra de nosso Salvador ou, mesmo, pequenas sementes que o Espírito Santo usará, para despertar nas pessoas o interesse para as coisas espirituais e, em algum momento, levá-las a fé em Cristo. Uma lição importantíssima que tenho aprendido ao longo dos anos no campo missionário.

Quem sabe, ao conversarmos sobre uma plantação, determinada comida, o clima, um jogo de futebol, os carros, um videogame, um local que gostamos ou outra coisa qualquer, mesmo que aparentemente irrelevante, estejamos diante de um novo e futuro William Carey, ou melhor, de futuros filhos de Deus e irmãos na fé? 

Vivamos como John Wesley, para pregar o evangelho com todas as nossas forças, mas tenhamos a disposição e alegria de compartilhar a vida, mesmo que por alguns instantes, com os perdidos ao nosso redor. Isso pode fazer toda a diferença na vida e na eternidade deles e, talvez, de muitas outras pessoas.

Que Deus nos abençoe!
Pr. Luiz Miguel

Observação: Leiam sobre a vida de William Carey. Recomendo todos os materiais citados acima.
             

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