segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Livro Mortal Engines e o Deus que Sabe o Que é Sofrer


Livro 1
Próxima série de livros a virar filme, Mortal Engines é uma tetralogia escrita pelo britânico Philip Reeve. 

Ainda pouco conhecida, os três primeiros já foram lançados no Brasil, são eles: "Mortal Engines", "O Ouro do Predador", "Maquinas Infernais" e "A Darking Plain" (sem previsão de lançamento por aqui).

Anunciado para sair nos cinemas em 2018 com produção de Peter Jackson que dirigiu "O Senhor dos Anéis" e "O Hobbit", esta ficção se passa num futuro pós-apocalíptico, no qual a civilização se reconstruiu em cidades tracionadas que devoram umas as outras. No meio disso, dois jovens, Tom e Hester, se envolvem numa trama complicada e passam por muitas aventuras, dilemas e dificuldades.
O livro é bem interessante, dinâmico e a história, bem como os personagens, são cativantes. Dá vontade de ler tudo logo para saber o que vai acontecer.

Não se trata de um livro cristão, contudo, Jesus, bem como o cristianismo, são citados no terceiro livro e o que foi falado me chamou bastante a atenção. Não consegui descobrir a religião do autor, contudo, com certeza teve alguma influência naquilo que colocou no livro e, mesmo desconhecendo suas intenções, gostei do que li, e comento um pouco aqui:

Livro 2
* na página 135 a doutora Oenone Zero, uma cientista chinesa que está passando por sérias dúvidas sobre sua missão, sobe numa montanha onde as pessoas guardavam tudo o que podiam sobre as religiões antigas e, no fim da rua das "Dez Mil Divindades... espremida entre os templos das religiões mais populares, se encontrava uma minúscula capela cristã...Oenone havia encontrado a capela por acidente, e não tinha certeza do que a atraía de volta. Ela não era cristã. Poucas pessoas eram agora, exceto na África e em algumas ilhas no extremo oeste. Tudo o que sabia sobre os cristãos era que eles adoravam um deus pregado a uma cruz, e qual era a utilidade de um deus que se deixa ser pregado as coisas?"

*na página 136 e 137 continua: "Oenone se ajoelhou frente à pedra do altar e curvou a cabeça. Ela não acreditava nele, neste deus antigo, mas ela tinha que conversar com alguém. Ajude-me - ela sussurrou, se o senhor estiver mesmo aí, dê-me força. Dê-me coragem...Envie um sinal, Deus, se o senhor estiver aí; mostre-me o que devo fazer... Ela esperou, e Shrike esperou com ela, mas nenhum sinal foi enviado. Os deuses barulhentos e populares dos templos vizinhos pareciam distribuir conforto como colunistas de revistas dando conselhos, mas o deus daquele lugar era mais difícil de alcançar. Talvez ele estivesse dormindo, ou morto. Talvez ele estivesse ocupado com algum mundo melhor, no fim do universo. Oenone Zero balançou a cabeça frente à sua própria tolice e
Livro 3
levantou-se, preparando-se para ir embora."

*na página 273 com a doutora Oenone Zero, toda machucada e quase morrendo após uma grande batalha, o autor descreve: "Oenone sabia que ele iria matá-la. Estava tão amedrontada que tudo o que conseguiu dizer foram alguns ruídos agudos. Fechou os olhos e sussurrou uma oração para o deus da capela em ruínas em Tienjing, porque, apesar de nunca ter tido muito tempo para os deuses, achava que aquele saberia como era estar assutado, e sofrer, e morrer. E o medo a deixou, ela abriu os olhos e viu, além da fumaça, a lua voando cheia e branca, e achou que aquilo era a coisa mais linda que jamais vira em sua vida."

Lendo tudo isso, mesmo se tratando de uma ficção/fantasia, pude observar muito da forma como as pessoas enxergam a Deus, a Jesus e o Cristianismo, como se fosse apenas mais uma religião, como se Deus fosse um servo nosso, obrigado a nos atender e fazer tudo o que queremos, na hora em que queremos, e não o Senhor Soberano do universo. No fundo, senti que o autor quis fazer um jogo com as palavras do profeta Elias aos profetas de Baal, quando zombou deles e do seu deus falso em 1Reis 1.18: "Ao meio-dia Elias começou a zombar deles. 'Gritem mais alto!', dizia, 'já que ele é um deus. Quem sabe está meditando, ou ocupado, ou viajando. Talvez esteja dormindo e precise ser despertado."
O fato é: Deus não está em silêncio, apesar de, muitas vezes parecer, Ele responde as orações dos filhos.

Além disso, mesmo sendo num suposto futuro muito distante, as pessoas não deixaram de ser religiosas, continuam criando e inventando deuses a sua própria imagem e semelhança, continuam usando seus deuses e religiões para seus propósitos egoístas e passageiros e continuam tendo deuses apenas por costume, sem verdadeira devoção. Porém, vemos também o remanescente cristão, perseverando na África e em algumas ilhas e despertando o interesse numa chinesa. Atualmente, estes três lugares: África, China e ilhas distantes são regiões onde o cristianismo mais cresce, onde há mais conversões e igrejas nascendo, mesmo com a perseguição do islã e do comunismo.

Por outro lado, assim como a doutora, em momentos de aflição, dúvida, meda e angustia, como que por instinto, as pessoas tendem a procurar em Jesus o consolo para suas vidas. Mesmo sem entender, as vezes mesmo sem querer, como por impulso, como se algo estivesse as atraindo e como se Jesus fosse o único que, nestas horas pudesse ajudá-los. Vejo isso como reflexo da imagem de Deus em nós que, mesmo com a queda e o domínio do pecado, ainda mantém esta necessidade do Senhor. Vejo também o resultado da necessidade de Deus que o próprio Senhor colocou em nós, como lemos em Eclesiastes 3.11: "Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim." e também a busca de Deus para salvar o pecador perdido como Jesus mesmo disse em Lucas 19.10: "Por que o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido."

Por fim, o mais interessante foi o motivo da oração final da doutora Zero: Saber que o deus dos cristãos sabe o que é sofrer. SIM! Isto é verdade! Aqui Philip Reeve acertou em cheio. Nosso Salvador Jesus sabe o que é sofrer, ele sofreu e morreu por nós, ele conhece e entende a nossa dor, ele se compadece de nós e está pronto a nos ajudar. Como é dito em Hebreus 4.14-16:  "Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna."

Sim, nosso Deus sabe o que é sofrer e se compadece dos que sofrem, é o Deus que se identifica conosco, que se fez um de nós e está sempre pronto a receber todo e qualquer pecador que Nele crê!

Que possamos confiar, orar e descansar no cuidado de Jesus Cristo e anunciar a todos ao nosso redor que, assim como a fictícia Oenone Zero, também estão aflitos, confusos e sem esperança, afinal, Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei." Mateus 11.28.

Sim, Jesus sabe o que é sofrer e morrer e isso é maravilhoso!
Deus abençoe a todos!
Pr. Luiz Miguel

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