Muito mais que um game...
Lançado em 2016 pela Numinous Games , That Dragon, Cancer, é uma prova de que os jogos eletrônicos vão muito além dos videogames.
Em português "Aquele Dragão, o Câncer, trata-se de um "point and click" (aponte e clique) em primeira e terceira pessoa que retrata a história real de um casal, Ryan e Amy Green, e sua luta com o câncer de seu filhinho chamado Joel. Com cerca de 1.40h de gameplay, entramos na pele da família Green e, de forma emocionante, vivenciamos a luta deles com o dragão do título, o câncer. É quase que como um filme interativo, no qual participamos das ações movendo os personagens, interagindo com objetos do cenário, cumprindo uma ou outra ação e jogando alguns minigames que retratam partes importantes da história.
O jogo foi desenvolvido após uma campanha bem sucedida no Kickstarter e lançado, originalmente, para o console OUYA, que deu apoio massivo ao projeto. Depois, ficou disponível para PC, IOS e Android, sendo esta última, a versão que joguei. Seu valor na plataforma é bem simbólico: That Dragon, Cancer
Como lidei diretamente com o câncer, minha mãe lutou com a doença quando eu tinha dez anos e toda a família passou pelo doloroso processo, desde a descoberta da doença, as consultas, a quimioterapia, as cirurgias, os medas, a fé a as incertezas. Foi nesse tempo também que conheci meu amigo Juliano, o melhor jogador de Atari que já conheci, que também lutava com a terrível doença e cuja história narro no livro "Muito Além dos Videogames - Memórias de um jogador", That Dragon, Cancer, torna-se ainda mais pessoal para mim.
Os gráficos poligonais lembram, levemente, o clássico Virtua Racing ou o novo Horizon Chase e a direção de arte é belíssima, encantadora mesmo, chamando a atenção a cada cenário, paisagem, ideia e sentimento que os produtores tentam transmitir. Há uma simplicidade profunda, que envolve e mexe com nossos sentimentos, além disso, em determinados momentos, exibe uma grandeza, especialmente nos "templos" que remetem a grandes jogos artísticos como Shadow of the Colossus, Ico e El Shaday.
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A música também é muito bela, combinando perfeitamente com a proposta e os sons, que incluem vozes, risadas, murmúrios, gritos, suspiros e cânticos, encaixam perfeitamente com a história e os eventos ocorrendo na tela. É muito interessante mesmo. Hinos cristãos são ouvidos ao longo do game, em determinados momentos ouvimos a mãe cantando "Quão Grande és Tu" e, em outros, o pai tocando violão e a família cantando. Partes que tocam nosso coração.
Os minigames, como boa parte da narrativa, servem como alegorias das lutas enfrentadas pela família Green e pelo pequeno Joel e combinam perfeitamente com o ambiente criado. Tudo é muito lúdico e envolvente. Além disso, versículos e passagens bíblicas são citadas no decorrer da trama, a luta da família é sentida, as dúvidas, a fé, as decisões difíceis, enfim, tudo que passaram, nós podemos sentir e interagir. Também vemos fotos, desenhos, cartões e cartas de outras pessoas que lutaram com o cancer sendo visíveis ao logo do jogo. Um material extra que expande a história e vale a pena ser conferido.
Contudo, o jogo é todo em inglês e, infelizmente, não existe tradução para o português, sendo necessário, ao menos, um conhecimento básico da língua inglesa para uma compreensão melhor da história.
O game venceu o "Game Awards" de 2016 como o "jogo de impacto" do ano, e a cerimônia foi emocionante com Ryan Green recebendo o prêmio e indo as lágrimas. Vale a pena conferir e está disponível no youtube.
Deus abençoe a todos!
Pr. Luiz Miguel
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